HISTÓRIA DO ANTECC

Apresentação

O Grupo de Investigação em Ambientes Antárcticos e Alterações Climáticas (AntECC) está inserido no Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e foi criado no âmbito da reestruturação do CEG em 2008. Antes da formação do AntECC , a equipa de investigação antárctica do CEG, reunia-se num grupo ad-hoc, designado por GIPCA - Grupo de Investigação em Permafrost e Clima da Antárctida.
O tema de investigação principal no AntECC são as relações entre o permafrost e as mudanças climáticas, em especial na região da Península Antárctica. O AntECC participa em vários projectos internacionais de investigação na Antárctida e assume um papel de destaque na Estratégia Científica Portuguesa para o Ano Polar Internacional. Membros do AntECC têm posições de destaque em vários comités internacionais.
Para além da investigação, o AntECC preocupa-se fortemente com a ligação entre ciência e sociedade, participando em diversos projectos de divulgação científica e educação ambiental. Neste âmbito, é de salientar a posição de destaque que o AntECC teve no projecto LATITUDE60!, um dos projectos com maior impacte do Ano Polar Internacional.

Membros do AntECC em Campanhas Antárcticas

1999-2000. Gonçalo Vieira
2005-2006. Gonçalo Vieira
2006-2007. Alexandre Trindade e Mário Neves.
2007-2008. Alexandre Trindade, Raquel Melo e Vanessa Batista.
2008-2009. Alexandre Trindade, Gonçalo Vieira, Mário Neves, Vanessa Batista (e António Correia - CGE)
2009-2010. Alice Ferreira e Mário Neves (Campanha em preparação).

1999. O início da investigação na Antárctida

Os trabalhos da equipa de investigação do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa na Antárctida iniciaram-se em 1999-2000, através da colaboração de Gonçalo Vieira com Miguel Ramos Saínz do Grupo de Investigación en Física Ambiental da Universidade de Alcalá de Henares. Em Janeiro e Fevereiro de 2000, Gonçalo Vieira participou na 2ª Campanha Antárctica do projecto RADIANTAR-2001 nas Ilhas Livingston e Deception (Shetlands do Sul, Península Antárctica), tendo participado na abertura de duas perfurações no solo para monitorização térmica. Nessa campanha recolheram-se também dados meteorológicos no Monte Reina Sofia e no Glaciar de Hurd, com o objectivo de caracterizar as condições climáticas durante o Verão Austral e de estudar os balanços radiativos, com vista a compreender o regime térmico da camada activa e distribuição espacial do permafrost na Península de Hurd. Gonçalo Vieira procedeu também ao levantamento geomorfológico de pormenor das formas cuja dinâmica se relaciona com a camada activa do solo, e que poderiam ser indicadoras das condições térmicas do solo. A cartografia elaborada foi posteriormente analisada em ambiente SIG, com o objectivo de relacionar a geomorfodinâmica com as condições climáticas.


2000 a 2004. Consolidação da Investigação

Entre o ano 2000 e 2004 os trabalhos da Equipa de Lisboa visaram essencialmente a análise dos dados de temperatura do solo nas duas sondagens efectuadas na Ilha Livingston (Incinerador e Reina Sofia), tendo estes sido apresentados em diversos congressos nacionais e internacionais. Durante esse período, os dados recolhidos automaticamente ao longo do ano, eram enviados por técnicos do Programa Antárctico Espanhol, e os custos de equipamento e manutenção foram cobertos por dois projectos: CAPA (Capa Activa del Permafrost Antárctico) e CAPA 2003-04, financiados pelo Programa Antárctico Espanhol.


 

Ao longo do ano de 2003, tornou-se evidente que era necessária uma nova abordagem ao estudo do permafrost antárctico, em especial na área da Península Antárctica, pois trata-se de uma das regiões da Terra com mais acentuado aquecimento, que correspondeu a um aumento de 2,5ºC das temperaturas médias anuais nos últimos 50 anos. As prioridades do grupo centraram-se na preparação de um novo projecto com o objectivo central de realizar novas perfurações com 25 a 30 m de profundidade e com o objectivo de atingir a profundidade de nula amplitude térmica anual, e assim verificar de que modo as variações no clima, estão a influenciar o permafrost naquela região da Antárctida. Além destas perfurações, planeou-se a instalação de sítios de monitorização da camada activa e decidiu-se investir mais na modelização espacial da distribuição e características do permafrost. As actividades contemplaram a instalação de novos registadores termométricos automáticos e integração de dados em ambiente SIG. Para atingir estes objectivos, a equipa internacional de investigação foi alargada ao grupo do Departamento de Geografia da Universidade de Zurique, liderado por Martin Hoelzle, que possui uma ampla experiência em estudo de permafrost alpino. A primeira reunião do grupo do projecto PERMAMODEL decorreu em Nice na reunião da European Geosciences Union em Abril de 2004.


2004. Integração em projectos internacionais

Em Novembro de 2004 realizou-se na Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) o 1st Workshop on Antarctic Permafrost and Soils. Esse workshop que reuniu mais de 40 investigadores de todo o Mundo, foi um momento chave para o estudo do permafrost antárctico, tendo sido definidas as principais prioridades de investigação a serem efectuadas até ao Ano Polar Internacional 2007-08. Foram ainda constituídos vários grupos de trabalho e estruturados dois projectos internacionais (entretanto aprovados como CORE PROJECTS do Ano Polar Internacional), que têm como objectivo principal estudar o permafrost e o seu comportamento face às variações climáticas, e preparar uma cartografia do permafrost antárctico. Tratam-se dos projectos ANTPAS – Antarctic and Sub-Antarctic Permafrost, Soils and Periglacial Environments (IPA e SCAR) e TSP – Thermal State of Permafrost (IPA). Na reunião de Madison, Gonçalo Vieira e Miguel Ramos passaram a integrar o grupo de trabalho internacional que tem como objectivo a definição de um protocolo para a elaboração de sondagens em permafrost na Antárctida, bem como para a implementação de sítios de monitorização da camada activa da rede CALM-S.
A participação do projecto PERMAMODEL no grupo internacional de cientistas que estudam o permafrost antárctico ficou consolidada com a entrada de Gonçalo Vieira para o Steering Committee do Projecto ANTPAS em Novembro de 2005. No mesmo mês, a Equipa de Lisboa em colaboração com investigadores do CCMAR da Universidade do Algarve, organizou o I Workshop “Portugal e a Antárctida: oportunidades para a divulgação científica e para a investigação no Ano Polar Internacional 2007-08”, iniciativa que contou com mais de 100 participantes de todo o país.


2005. Novos projectos e formação do GIPCA

Entre 10 de Janeiro e 18 de Fevereiro de 2006 decorreu nova campanha na Antárctida no âmbito do projecto PERMAMODEL, que contou com a participação de Gonçalo Vieira, que coordenou a campanha. Colaboraram investigadores da Universidade de Alcalá de Henares (Espanha), Universidade de Zurique (Suiça) e Universidade de Karslruhe (Alemanha). Esta campanha teve como objectivo principal definir os locais para a instalação de sondagens para monitorização das temperaturas do permafrost, bem como os locais de instalação dos sítios CALM-S. As actividades centraram-se na prospecção geofísica através de sondagens geoeléctricas, refracção sísmica e georadar. Foram também instalados termómetros automáticos para registo das temperaturas do substrato e monitorização da neve.
No final desta campanha, tornou-se evidente que a investigação do permafrost antárctico por parte do CEG necessitava de um aumento da massa crítica, para que se consolidasse. Criou-se então o Grupo de Investigação em Permafrost e Clima da Antárctida, que reunia investigadores doutorados do CEG e estudantes de mestrado e de final de licenciatura.


2006-07. Consolidar a massa crítica

Na campanha antárctica de 2006-07 o GIPCA enviou, pela primeira vez, dois investigadores portugueses à Antárctida, o que reflecte o investimento que foi feito até então, e a confiança dos programas antárcticos estrangeiros na capacidade científica dos nossos investigadores. Alexandre Trindade, estudante de mestrado participou na campanha Búlgara e permaneceu na Antárctida entre Dezembro de 2006 e Janeiro de 2007. Os trabalhos centraram-se na instalação de um novo sítio para monitorização da camada activa. Mário Neves participou na campanha antárctica espanhola enquadrado no projecto PERMAMODEL, tendo estado nas ilhas Livingston e Deception em Janeiro e Fevereiro de 2007. Os seus trabalhos incidiram na instalação de sítios para monitorização da camada activa e das temperaturas do permafrost. Foram também instaladas várias experiências para monitorização da erosão nas plataformas rochosas litorais, pela acção do brash (gelo flutuante).


2007-08. O Ano Polar Internacional e uma nova campanha fundamental para o estudo do permafrost

O forte envolvimento do CEG no Ano Polar Internacional reflectiu-se também no aumento da actividade científica durante a campanha antárctica de 2007-08, que contou com a participação de 3 membros do GIPCA, colaborando em programas antárcticos de 3 países: Espanha, Bulgária e Argentina.
O principal projecto foi o PERMADRILL - Permafrost Drilling in the Maritime Antarctic, financiado pelo Programa Gulbenkian-Ambiente e que permitiu, em conjunto com o esforço científico e logístico do projecto PERMAMODEL, efectuar duas perfurações profundas na ilha Livingston e conhecer assim em maior detalhe as características do permafrost da ilha e da região. As perfurações foram efectuadas por uma empresa de perfurações suiça, especializada em permafrost de montanha (Blètry AG), e a campanha contou com a participação de Vanessa Batista, integrada no programa antárctico espanhol. A Vanessa é estudante de mestrado e membro do GIPCA, e além de colaborar nas perfurações, efectuou tarefas de prospecção geofísica do permafrost nas ilhas Livingston e Deception.
Em simultâneo, Alexandre Trindade, voltou a participar na campanha antárctica búlgara na ilha Livingston, tendo ampliado a instalação da instrumentação de monitorização do permafrost, através da instalação de duas novas perfurações e de um sítio de monitorização da camada activa.
Pela primeira vez, o GIPCA iniciou uma colaboração com o Programa Antárctico Argentino, tendo-se integrado na campanha argentina em Deception, Raquel Melo, também estudante de mestrado e membro do GIPCA. A Raquel trabalhou no levantamento geomorfológico de pormenor da área entre as bases espanhola e argentina e na identificação de formas e processos geomorfológicos indicadores da degradação do permafrost.


2008-09. O Projecto PERMANTAR e a maior campanha portuguesa de sempre na Antárctida

Informações em breve.
Entretanto, consulte o site da campanha em http://www.cgd.pt/Site/Ano-Polar-Internacional/Pages/Jovens-Cientistas-Polares.aspx